'Meu filho foi executado', diz mãe de adolescente de 17 anos morto a tiros em Salvador; policial militar é suspeito do crime
03/12/2024
Caso ocorreu no bairro de Ondina e jovem de 19 anos também foi baleado. Testemunha flagrou momento e gravou vídeo com câmera de celular. Mãe de adolescente morto presta depoimento nesta terça-feira (3)
"Meu filho foi executado". Esse é o desabafo da mãe adolescente de 17 anos Gabriel Santos Costa, morto a tiros por um policial militar no bairro de Ondina, em Salvador, na madrugada de domingo (1º) . O crime ocorreu no bairro de Ondina, em Salvador, e foi filmado por uma testemunha, com a câmera de um celular. Outro jovem de 19 anos também ficou ferido na ação.
Marlene Santos disse, em entrevista à TV Bahia, que recebeu uma ligação por volta das 3h30 da madrugada de domingo, e foi avisada sobre a morte do filho. Naquele momento, ela disse que ainda não sabia que o rapaz tinha sido assassinado, nem que o homicídio havia sido flagrado.
"Eu estava dormindo quando eu recebi a notícia por uma moça da Vila Matos que tem uma vendinha. Eu não acreditei na hora, só quando meus filhos chegaram lá em casa e falaram que era verdade", detalhou.
A mãe do adolescente prestou depoimento nesta terça-feira, na sede da Delegacia de Proteção a Pessoa (DHPP), e aproveitou o momento para cobrar soluções para o caso.
"Com aquela imagem [do crime], ninguém tem mais dúvida. Ele [suspeito] tem que falar o que fez e porque fez. Meu filho foi executado. Foi muita maldade, eu nunca imaginei que isso fosse acontecer comigo. Eu tinha pena das mães [que perdem os filhos] e agora estou no meio delas".
O adolescente Gabriel Santos Costa, de 17 anos, foi morto a tiros no bairro de Ondina, em Salvador, na madrugada de domingo (1°)
Reprodução/Redes Sociais
O policial militar Marlon da Silva Oliveira é investigado por suspeita de executar Gabriel Santos Costa. Em nota, a Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) informou que a PM instaurou um processo administrativo disciplinar, enquanto a Polícia Civil abriu inquérito para esclarecer a motivação e a dinâmica do crime.
A delegada que investiga o caso pediu a prisão preventiva do suspeito, mas a Justiça não analisou a solicitação no plantão judiciário por entender que não havia urgência. Com isso, o PM foi liberado após alegar legítima defesa durante depoimento na delegacia, na noite de segunda-feira (2). [Veja detalhes abaixo]
O vídeo mostra o momento em que o adolescente Gabriel Santos Costa e o jovem de 19 anos, que não teve nome divulgado, foram rendidos pelo policial. Na filmagem é possível ouvir que oPM xingou e agrediu as vítimas. Depois, mandou que os rapazes colocassem o rosto no asfalto e as mãos na cabeça. Eles obedeceram às ordens do suspeito, que fez uma espécie de revista. Mesmo rendidos, os dois foram baleados com mais de 20 disparos.
Após balear a dupla, o homem entrou no carro branco que aparece no vídeo e deixou o local. O adolescente morreu na hora. Já o jovem de 19 anos foi socorrido para um hospital da capital baiana. O estado de saúde dele não foi divulgado.
Suspeito alega legítima defesa
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Marlon, que atua na 9ª Companhia Independente da Polícia Militar, no bairro da Boca do Rio, não estava fardado, nem usava o carro da corporação. Ele alegou legítima defesa em depoimento à Polícia Civil e afirmou que os jovens tentaram assaltá-lo.
O mesmo argumento foi apresentado pela namorada do policial, que não teve nome divulgado. A mulher é uma das oito testemunhas que já foram ouvidas pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). A Polícia Civil, no entanto, não aceitou a justificativa e ingressou com o pedido de prisão preventiva.
Procurado, o advogado Otto Lopes, que defende o casal, disse que não vai se manifestar até que as investigações sejam concluídas. A Polícia Civil tem 30 dias para concluir o inquérito, que deverá ser analisado pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA). O órgão acompanha o caso.
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Família pede justiça
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A defesa da família de Gabriel pede a quebra de sigilo do celular do suspeito. O corpo dele foi sepultado na tarde de segunda-feira (2) sob forte comoção e pedidos de justiça.
O pai dele, que preferiu não se identificar por medo, disse, em entrevista à TV Bahia, que o filho não era envolvido com a criminalidade. Durante a despedida, ele contou que, dias antes de morrer, o adolescente foi apreendido por ter xingado um policial militar e foi acusado de desacato. No entanto, foi liberado logo em seguida.
"Podia ser o pior vagabundo rendido ali, ele não podia matar um ser humano. Era um menino bom. Não puxava bonde nenhum, graças a Deus. O policial o xingou, ele também xingou o policial e foi preso. Aí eu fui lá, liberou ele lá na Dercca, mas não teve nada demais", relatou o pai da vítima.
Homem rendeu as vítimas no bairro de Ondina, em Salvador
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